sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PAST

Flores estúpidas subterrâneas, gritando pela luz do infinito; sufocadas, aquelas que nunca chegarão lá. Tentar é sempre sofrer, e sempre será.
Fantasmas dançando pelas luzes, mas elas estão apagadas... estamos perdidos, eu sei, talvez no tempo. Eles nunca verão o que eu vejo.
Migalhas de pão como pistas, o cheiro de sangue sorri para seu visitante; o dia está claro como uma noiva lá fora, mas meu coração será sempre negro.
Cadáveres de sabiás rodeiam meus pés como plumas, eles dizem "oi". Seus ovos azuis esmigalhados como confetes. É a sua vida, já falecida, que tu carrega em seus braços. Eles nunca sentirão o que eu sinto. A música celebra a cerimônia da morte. Meus ouvidos sangram. Há demônios inspirados para minha festa hoje. Onde está mesmo sua alma ?
Vidros quebrados pedem para alguém tomar uma atitude lá fora. Há ratos em tocas de ratos, raposas em tocas de raposas - o som das máquinas é quase explosivo - crianças correm com os pézinhos sangrando. E não há ninguém lá fora. Eles nunca ouvirão o que eu ouço.
Cabeças rolando como bolas de futebol; cheiro de enxofre perfuma o ar, assim como perfuma também o seu lindo quarto.
Cemitérios em avesso, o aroma de decomposição procura abrigo em pumões, não é real, mas por favor dê atenção a ele. É o azedume deste mundo. Eles nunca sentirão o que eu respiro.
Simples palavras descrevem tudo. Primeiro uma jura de amor eterno, mas amanhã estarás na cama em um ritmo desarmônico não relacionado à sua promessa. Enquanto eu assisto daqui de baixo.
Eu grito, em minha tortura, mas não há voz, não há som. Observo-te enquanto meu corpo se deteriora, assim como a rosa que tu me presenteou. O Inferno existe em vida, sim; mas em mim já não há vida. Tem alguém ai ?